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Mostrando postagens de maio, 2018

Sonhos

Não tenho nada, mas tenho sonhos. Pior seria se tivesse tudo e não tivesse sonhos.

Lugar

Sinto saudades de um lugar onde nunca estive. Sinto como se ali fosse o meu lugar. Imagino a natureza estonteante. Imagino o ar fresco e a paz. Não é como se eu quisesse ir pra lá. É mais como se eu almejasse voltar. Como uma memória ancestral. Um lugarejo que ficou para traz. A paisagem mais bela é minha vista da frente. Perfumada por flores e pão assado. Ao fundo, o som do riozinho a correr. E ao lado, todos aqueles a quem amo. Acredito que esse lugar existe. Se não nesta vida, no porvir. Por isso não tenho medo da morte. Pois então, a saudade terá fim.

Estou farto!

Estou farto desse jogo de gato e rato em que as pessoas vivem. Estou farto da competitividade por tudo. Estou farto da desconfiança. Da constante suspeita. Não quero mais do que ninguém. Não quero ser mais do que ninguém. Não quero ter mais do que ninguém. Só quero viver em paz. Não aguento mais os julgamentos. Não suporto rótulos. As pessoas não podiam simplesmente conviver harmonicamente? Porque é tão difícil simplesmente aceitar os outros como são? É insuportável o baile de máscaras. É insuportável o fingimento. Há momentos em que eu entendo os eremitas. Faz sentido os ermitões. Sou complacente com os nômades. Identifico-me com os andarilhos. Um mendigo é mais feliz do que um rico que vive de mentiras. Um pobre que tem paz, não a vende por uma fortuna de discórdia. A não ser que seja burro. A não ser que tenha sido enganado. A não ser que caia no laço. É uma labuta que não produz nada. É um trabalhar para adquirir doenças.

Desobediência

Há uma virtude na desobediência que não valorizamos. Há um bem disfarçado de mal para nos testar. Simplesmente o ignoramos, aferrados às regras sociais. Calamos o grito pelo incômodo, sem antes atentarmos às suas palavras. Aprisionado, o espírito humano convulsiona. Há uma robotização na civilização que desprezamos. Há um mal fingindo ser bem para nos tentar. Não o vemos por conveniência. Ao fugir do calor da barbárie, chegamos ao gélido polo da rotina. Adoecemos. Não, essa não é uma apologia à indisciplina. Mas um lembrete de quem realmente somos. De que o princípio vale mais do que a forma. De que a alma não se conforma ao corpo. De que o questionamento é salutar e necessário a toda vivência.