Há uma virtude na desobediência que não valorizamos. Há um bem disfarçado de mal para nos testar. Simplesmente o ignoramos, aferrados às regras sociais. Calamos o grito pelo incômodo, sem antes atentarmos às suas palavras. Aprisionado, o espírito humano convulsiona. Há uma robotização na civilização que desprezamos. Há um mal fingindo ser bem para nos tentar. Não o vemos por conveniência. Ao fugir do calor da barbárie, chegamos ao gélido polo da rotina. Adoecemos. Não, essa não é uma apologia à indisciplina. Mas um lembrete de quem realmente somos. De que o princípio vale mais do que a forma. De que a alma não se conforma ao corpo. De que o questionamento é salutar e necessário a toda vivência.