Pitbull

Dizem que quando um pitbull ataca ele entra em frenesi. Não adianta bater, não adianta correr, o bicho endoidece. Mas nem tudo está perdido. Pessoas que sobreviveram a ataques da raça relatam que se fingiram de mortas. Acho isso genial: Se fingir de morto. Elas levaram algumas mordidas sim, mas aguentaram firme e o totó foi embora logo. Acredite, o prejuízo é menor.
Funciona com pessoas também. Esses dias recebi uma ligação animalesca. A pessoa do outro lado estava em surto total. Ladrava, rosnava e bufava. Absolutamente desvairada, externando seu ódio mortal por sei lá o quê. Já tive encontros dessa natureza com a mesma pessoa que não acabaram bem. Dessa vez eu tinha uma tática. Não adianta argumentar, não adianta tentar acalmar, aliás, calma é tida por cinismo e argumentos são lenha para a fogueira. O melhor a fazer é se fingir de morto.
― Tá bom! Foi o que respondi para cada rajada de gritos. Parece idiota? Sim, um pouco. Irritante? Também, provavelmente. Mas o cão foi embora logo. Não houve estragos a não ser algumas ofensas a perdoar. Gente-pitbull se alimenta de reações, se você não der isso a elas, elas desistem.
Já tentei dar uma de psicólogo, sendo a parte equilibrada e racional, mas é melhor deixar isso para profissionais treinados. A palavra branda não é necessariamente fria. Pode ser palavra nenhuma. Pode ser a palavra dita na hora certa e que raramente condiz com a hora do ataque. Durante um ataque finja-se de morto! Não há brandura maior do que uma postura firme e tranquila. Um olhar frágil, porém, indestrutível. Durante os vendavais as árvores mais fortes se quebram, o bambu, todavia, se curva para permanecer no lugar.
Ser feliz é ter o dom da recuperação.

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