O fruto sazonal do trabalho

Ele acorda às quatro da manhã. Já arou a terra, plantou a semente, regou. Esperou o tempo passar. Aliás, o tempo é seu parceiro de trabalho. O plantio foi no tempo certo, a colheita tem dia marcado. É pontual, há um compromisso, um contrato assinado com as estações.
O homem do campo harmoniza o trabalho com a vida. Tem a idade para começar, dominar os processos, ensinar os filhos, gerenciar. A terra espera por ele e ele espera pela terra.
O homem da cidade tem muito a aprender. Não há acordo na cidade, apenas cobranças. O tempo é seu inimigo. O resultado tem que vir. É uma caçada não um cultivo. O homem da cidade, tão moderno, ainda vive nas cavernas e sai para caçar.
E não há caça suficiente. Alguém vai sair perdendo. Soma-se ao sangue do bicho o sangue do outro, todos morrem.
É preciso reconectarmo-nos com o tempo, fazermos as pazes com as estações, reatarmos nossa existência com o próximo. O trabalho tem que dar fruto não fazer vítimas.
Há uma diferença muito grande entre abater uma cria e matar uma presa que tentava proteger os seus filhotes. Só uma pode ser mantida. Felicidade é desmatar a selva, fazer de todo trabalho uma fazenda e esperar a colheita com paciência.


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