Dor


Dor que se sente na alma não pode ser evitada. Diferente de qualquer outra dor em nosso frágil corpo físico, a dor na alma não encontra solução simples.

Quando a alma dói, não sangramos o sangue vermelho que corre nas veias. Sentimos, no entanto, escorrer a vitalidade no interior do peito. Ainda que todas as células estejam intactas, sentimo-nos despedaçados.

A febre que arde no coração sobe até a cabeça e sai morna nas lágrimas.

Não há remédio, analgésico ou endorfina que de jeito. Não podemos amputar um pedaço, massagear ou espetar com agulhas na acupuntura.

 A alma não se acessa pela via das coisas tangíveis.

Resta à alma doída mudar de estratégia. Sem saída de si mesma, ela tem que encarar o infortúnio com coragem. Encurralada, ela é obrigada a lutar. Enfrentar a sua dor e vencê-la. A mesma alma delicada que se agatanhou, deve criar uma casca no lugar e endurecer.

Não há escapatória. Continuar sofrendo está fora de cogitação. O enfrentamento é inevitável, fatídico e libertador. A dor na alma, a mais terrível dor que se pode sentir, é também aquela que nos instiga a evoluir.

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