Eu sou feliz ao contrário
Ao contrário do que se pensa ser feliz não tem nada a ver
com uma vida perfeita. A vida feliz é cheia de penúrias e insatisfações. É
sofrendo que a gente aproveita melhor o prazer das coisas simples.
Tente ver por este lado, uma criança viciada em doces não se
contentará com uma fruta. Pode ser o caqui mais maduro e molinho da feira, ela
quererá uma guloseima. O paladar se acostuma com o dulçor e já não se contenta
mais com pouco. Vai elevando o padrão.
Assim também acontece com a nossa percepção de felicidade. Uma
vida muito certinha tende a cair no tédio. Tédio é quando tudo está tão bem que
incomoda. Não estou dizendo que se deva buscar o desprazer. Ele virá até você
inevitavelmente. Estou dizendo que quando ele chegar você pode vivenciá-lo de
uma maneira diferente.
O modo como percebemos a vida faz toda a diferença na hora de
avaliarmos a nossa felicidade. Essa percepção depende de uma atitude interior. Trata-se
de levantar-se com as próprias mãos ao invés de esperar a alegria surgir como
um espasmo.
Feliz é a pessoa que é capaz de produzir, estocar e
alimentar-se da própria felicidade. Tirar lições, rever situações, revisar
sentimentos, ler a própria história com a sabedoria adquirida ao longo do
tempo.
Não dizer: “Se isso não tivesse acontecido...”, mas “Graças
a isso eu aprendi...”
Felicidade é coisa de gente madura. A busca pelo prazer
absoluto pertence à infância. A crise de adolescência trás a rebeldia e a
vontade e explorar os limites. Na fase adulta interpretamos a vida e, só então,
somos felizes.
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